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sexta-feira, 18 de maio de 2012

A Comissão da Verdade e o direito ao pranto

por Mauro Santayana

O golpe político e militar contra o governo legítimo do presidente João Goulart, por mais que se tente identificar como revolução, foi ato contra a República e de submissão à potência estrangeira que o planejou, organizou e financiou. Assim ocorreu aqui e em outros países do continente.

Tratou-se de ofensa imperdoável à nação de brasileiros. Hoje, com os documentos existentes e divulgados, não há dúvida de que a interrupção do processo democrático de desenvolvimento econômico e social do país se fez na defesa dos interesses do governo norte-americano no mundo. Essa origem externa não exculpa, e, sim, agrava a responsabilidade histórica dos brasileiros que aderiram ao movimento, mesmo que se escudem na defesa da ordem, da fé, das famílias e da virgindade de suas donzelas, como tantos religiosos pregaram do púlpito.

O golpe só foi possível porque frágeis eram (e frágeis continuam a ser) as instituições nacionais. A história republicana, maculada pela nostalgia oligárquica do Império, se fez no confronto entre a necessidade democrática e a reação conservadora. E, a partir da Revolução de 30, que se fez para modernizar e democratizar o Brasil, os golpes e tentativas de golpe passaram a ser freqüentes sob a influência da expansão imperialista americana e o então projeto nazista de estabelecer em nossas terras uma Germânia Austral.

Mas, não é este o espaço para discutir o que ocorreu em 1937, e o que teria ocorrido se as eleições de 1938 se realizassem, com a prevista vitória eleitoral do filo-fascista Plínio Salgado. O fato é que Vargas se tornou a personalidade mais querida e mais poderosa do país, ao eleger-se presidente em 1950 e retomar o seu projeto nacional de desenvolvimento, frustrado pelo governo Dutra.

Ainda assim, com toda a sua popularidade, o presidente foi sitiado por uma terrível campanha parlamentar e jornalística, a pretexto do atentado da Rua Toneleros, até hoje não bem explicado, e que também merece ser investigado a fundo. Por detrás de tudo – sabemos hoje também com a divulgação de documentos norte-americanos – atuava o interesse de Washington contra os projetos de desenvolvimento do país. A criação de empresas estatais como a Petrobrás e a Eletrobrás era o sinal de que o Brasil buscava, com firmeza, sua segunda independência.

A nação reagiu contra o cerco a Getúlio, rompido pelo grande presidente com a coragem do suicídio, e elegeu Juscelino, meses depois. Nova tentativa de ruptura do processo, em novembro de 1955, foi contida com o apoio de boa parcela das Forças Armadas, e o político mineiro pôde assumir a Presidência e dar o grande salto que completou a Revolução de 30, na efetiva modernização do país.

A Comissão da Verdade, como parece claro, não pretende buscar culpados, mas tem como prioridade saber o que ocorreu a centenas de brasileiros, entre eles Herzog e Manuel Fiel Filho, dos últimos trucidados por funcionários do Estado, que agiam em nome do governo militar. Na mesma ocasião, e de forma clandestina, dezenas de comunistas – que não participavam da luta armada – foram também executados pelo regime.

Quase todos nós nos sentimos torturados no sumo da alma, com as declarações de cabo Anselmo à televisão, ao fazer a apologia da entrega de pessoas indefesas à sanha de psicopatas treinados cientificamente para torturar jovens e velhos, homens e mulheres. E da entrega de mulheres grávidas aos torturadores como, sem arrependimento e com orgulho, declarou ter feito com a sua.

Todos os que perderam seus pais e filhos, irmãos e irmãs, maridos e mulheres, amigos e companheiros, têm direito ao pranto, se não diante de seus mortos, pelo menos diante da reconstituição de seus derradeiros momentos. Devem conhecer o lugar e o dia em que pereceram, para ali chorar. O direito ao pranto é tão necessário quanto o direito a viver. É assim que nos comovemos com a emoção da Presidente Dilma Roussef, na cerimônia de quarta-feira.

É certo que, no próprio processo investigatório, será difícil não se inteirar de atos praticados pelos que resistiam à Ditadura. Conhecê-los não macula os que os praticaram, nas duras condições dos combates nas trevas, para lembrar a imagem do historiador Jacob Gorender. A culpa real não cabe a quem age em defesa da legitimidade republicana, e, sim, aos que, ao praticar o crime de lesa populi, provocaram a reação desesperada de suas vítimas.

Alckmin e Kassab em apuros, azar de Serra

De uma hora para outra, os paulistanos descobriram que existem sérios problemas no funcionamento do metrô, responsabilidade do governo do Estado, assim como ficamos sabendo que há um esquema de corrupção montado há anos para a liberação de imóveis na Prefeitura.

O governador Geraldo Alckmin, do PSDB, e o prefeito Gilberto Kassab, do PSD, agora unidos no apoio ao tucano José Serra na sucessão municipal (os dois se enfrentaram na eleição de 2008), raramente aparecem no noticiário, a não ser em inaugurações de obras e articulações políticas.

É como se São Paulo fosse uma ilha de paz e beleza, onde tudo funciona e o povo vive feliz, cercada por um país chamado Brasil, cheio de problemas e sempre em crise.

Depois de várias paralisações e transtornos nas últimas semanas, o grave acidente do Metrô na quarta-feira, que deixou mais de 100 feridos, revelou o descaso da administração estadual, que reduziu, ao invés de aumentar, os investimentos no sistema.

Reportagem da Folha desta quinta-feira denuncia que, de 2010 para 2011, o governo reduziu em 20,4% os recursos ( de R$ 236 milhões para R$ 188 milhões) destinados à manutenção da Linha 3 - Vermelha, onde ocoreu o acidente, que transporta 41% dos passageiros de toda a rede.

Como já me alertava um dos técnicos responsáveis pelo controle de tráfego do Metrô, em encontro com amigos no final do ano passado, o Metrô paulistano estava à beira de entrar em colapso, não só pela queda dos investimentos em manutenção, mas também pela implantação atabalhoada de um novo sistema automático.

A falha técnica, apontada como causa do acidente em que dois trens se chocaram na zona leste, é apenas consequência da relapsa administração do Metrô paulistano, também envolvida em denúncias de desmandos e irregularidades nas licitações. Pequenos acidentes são comuns e nós nem ficamos sabendo, disse-me o técnico.

Como se não fosse com ele, bem ao estilo tucano, o governador Geraldo Alckmin desandou a falar de investimentos numa nova linha do Metrô na zona norte, a Linha 6 - Laranja, no mesmo momento em que eram recolhidos os feridos entre as estações Penha e Carrão. Alckmin mandou ao local seu secretário dos Transportes, Jurandir Fernandes, e continuou calmamente dando entrevistas sobre os seus planos.

Na mesma semana em que os paulistanos descobriram a gravidade da situação do Metrô, multiplicam-se as denúncias sobre o esquema montado na Secretaria Municipal de Habitação por Hussain Aref Saab, homem de confiança de Kassab e Serra, ex-diretor responsável pela liberação de construções de imóveis em São Paulo, que construiu um patrimônio de mais de R$ 50 milhões nos últimos sete anos em que comandou o setor.

Um grupo do Ministério Público de São Paulo especializado em lavagem de dinheiro agora abriu inquérito para investigar a origem dos bens de Aref, que comprou 106 imóveis de 2008 para cá, com um salário bruto de R$ 9 mil.

Mais do que a evidente suspeita de corrupção em larga escala e por tempo prolongado, são incalculáveis os prejuízos causados à cidade pela liberação de obras em áreas de preservação, fora dos limites impostos pela legislação, que causam novos problemas ao já caótico trânsito paulistano.

Os repórteres Rogério Pagnan e Evandro Spinelli, da Folha, que revelaram o escândalo mantido, aparentemente, em segredo de Justiça pela Corrgedoria Geral do Município, acionada por Kassab depois de receber uma denúncia anônima contra Aref, em fevereiro, a cada dia trazem novas revelações sobre o esquema.

A mais estarrecedora até agora é que Aref recebeu de graça seis apartamentos num prédio em frente ao Parque do Ibirapuera como pagamento por serviços de consultoria prestados por sua empresa, a SB4.O problema é que o contrato é de 2006 e a empresa só foi criada dois anos depois.

Na verdade, houve uma troca. O ex-diretor ganhou os apartamentos como pagamento para liberar o funcionamento do centro de convenções WTC, processo que estava parado há mais de um ano, empresa dos mesmos donos da construtora que lhe deu os apartamentos.

Com Kassab e Alckmin em apuros, a conta vai sobrar para a campanha de José Serra, que reage olimpicamente diante destes fatos, como se não tivesse sido prefeito e governador de São Paulo até recentemente.

Em campanhas eleitorais, aparece sempre o imponderável. A quatro meses e meio da abertura das urnas eletrônicas, os apuros de Alckmin e Kassab podem influenciar negativamente na campanha do favorito José Serra, assim como, no Rio, as fotos da farra de Sergio Cabral com Fernando Cavendish em Paris certamente não ajudam seu candidato, o também favorito Eduardo Paes.

Que novas surpresas nos aguardam?

Balaio do Kotscho

http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/2012/05/17/alckmin-e-kassab-em-apuros-azar-de-serra/

A língua falada na Globo

Sírio Possenti
Enviado por luisnassif, sex, 18/05/2012 - 09:55
Por Assis Ribeiro
Do Terra Magazine

AS TRANSCRIÇÕES DA GLOBO

Os linguistas que se dedicam ao estudo da língua falada adotam, entre outros procedimentos metodológicos, um conjunto de transcrições destinadas a permitir quer o analista tenha acesso ao que “realmente” ocorreu, a como as pessoas falam “de fato”. As aspas nas duas expressões quase sinônimas significam que, evidentemente, não se trata de um registro cabal, de tudo, mas do que é considerado relevante, como pausas, hesitações, ênfases, simultaneidade das falas etc. Não se registra uma voz aguda ou grave (questão irrelevante), mas se registram as sílabas destacadas pelo falante, independentemente se serem as tônicas em estado de dicionário (a relevância desse fenômeno deve ser demonstrada na análise).

Um exemplo simples: os anúncios do jornal que a rede Globo apresenta de S. Paulo no horário do almoço podem ser transcritos assim: “Veja no JORnal Hoje. É que, invariavelmente, as sílabas iniciais das duas palavras são enunciadas com destaque (ou seja, os locutores dizem JORnal HOje e não jorNAL Hoje). Se produzissem esta última sequência, estariam levando em conta as sílabas tônicas de cada palavra tomada isoladamente. A explicação para a entonação que ocorre realmente tem a ver com ritmo (tônica / átona / tônica / átona), que se sobrepõe à tonicidade original das sílabas. Em outros casos similares, pode tratar-se de ênfase, muito visível em palavras mais longas, como “comPLEtamente impedido” – ou mesmo “COM-PLE-tamente impedido” – em vez de “completaMENte impedido”.

A Globo, em seus programas jornalísticos, às vezes mostra transcrições de falas, especialmente quando seus repórteres vão aos “morros” ou quando a Polícia Federal abastece o noticiário. Nestes casos, invariavelmente, a emissora destaca, entre aspas ou em itálico, as formas que estão em desacordo com a norma escrita. Se alguém disser “vamo pegá” em vez de “vamos pegar”, a Globo coloca a expressão entre aspas (aqui, estou citando, por isso as duas formas estão entre aspas).

Em tese, nada contra. A questão são os critérios. A Globo mistura duas coisas: coloca entre aspas tanto as formas socialmente marcadas (digamos: mermão, eles vai entregá) quanto as formas que não são mais marcadas, na fala, como os infinitivos sem r final (fazê) ou monotongos no lugar de ditongos (poco, pegô).

Além disso, ou por causa disso, a emissora não vê que também os ocupantes da bancada falam segundo estas regras. Basta ver a diferença que existe entre o que leem e o que falam entre si ou com seus repórteres. Anotei, em uma edição do jornal, entre outros, os seguintes dados. LENDO: vai ver, conhecer, se entregou, ajudou, pegou, a seguir etc. FALANDO: chegô (chegou), pidí (pedir), é tê (é ter), pras pessoas (para as pessoas), se tê (se ter), pra que o organismo (para que o organismo) etc.

A emissora apresenta até mesmo um quadro a que chama TÔ DE FOLGA, cujo título vale por um programa ou uma tese: quando se fala cerimoniosamente, usam-se certas formas (as citadas acima entre as lidas servem de exemplo); quando se fala informalmente (quando “se tá de folga”), usam-se outras formas (exemplos são as citadas acima como faladas).

É assim que é, mesmo nos jornais da Globo, e, claro, em toda a programação da emissora. E também das outras. Quem não acredita pode assistir aos programas com papel e lápis. Verá o que se diz de fato. Os critérios para uso de aspas ou itálico deveriam ser mais refinados.

Qual é a bronca implícita neste textinho? É que Globo só dá destaque às falas que considera incorretas quando os falantes são do morro ou são aqueles cujos telefonemas a polícia gravou. Não aplica os mesmos critérios a suas falas. Se ouvisse a si mesma, diminuiria as formas marcadas na telinha. Por que ela faz como faz? Ou não se dá conta, o que é ruim. Ou se dá conta e marca negativamente os de sempre, o que é pior. Cadê a famosa fonoaudióloga da Globo?

*** Gianotti, no Roda Viva (07 de abril), discutindo o papel da filosofia (e da Universidade), declarou-se a favor da “massificação”, mas defendeu que é preciso que haja pesquisas de ponta, um “Vale do Silicone” (!!!) da filosofia. Se a expressão tivesse sido empregada por algum ator, apresentador, cantor popular, jogador de futebol (ou por Lula?), o registro da gafe teria bombado nas redes sociais. Como se trata do ilustre filósofo, cujas opções políticas são mais do que claras, o fato passou em branco. Ou será que ninguém percebeu? Na bancada, ninguém fez caretas…

*** Neymar corre o risco de ser mesmo uma espécie de Pelé: ótimo no campo, um horror fora dele. Chegou-se a distinguir Pelé de Édson (um ótimo Pelé, um péssimo Edson Arantes, disse Ziraldo). Neymar já declarou que não é negro (faz um bom tempo, era quase uma criança) e que seu sonho eram uns carrões na garagem. Agora, dança num clip de Alexandre Pires (e Mr. Catra). Aproveito a deixa para uma avaliação sumária do clip, já que foi até mesmo alvo de manifestações duras, tanto por supostamente tocar em questões raciais quanto por “explorar” uma certa imagem da mulher: não acho que se trate de uma peça racista e não sei se seria machista. É só ruim, ruim de doer. As moças são bonitas, mas são péssimas dançarinas. A letra é cretina, boboca (“é no pelo do macaco que o bicho vai pegar”!). O que o Neymar estava fazendo lá? Talvez eu volte a esse caso.

Os Paradigmas de Dilma

Enviado por luisnassif, sex, 18/05/2012 - 10:47 Por Marco Antonio L.
No Vermelho.org

Dilma: desenvolvimento não está subordinado apenas ao mercado

A presidente Dilma Rousseff disse nesta quinta-feira (17) que o Brasil vive momento de ruptura com a prática de delegar a condução do crescimento exclusivamente às forças de autorregulação do mercado, excluindo o interesse da sociedade das decisões econômicas. Dilma fez o comentário ao discursar na solenidade que homenageou a economista Maria da Conceição Tavares com a entrega do Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia de 2011. Segundo a presidente, o país vive uma “benigna” transformação de subordinação da lógica econômica à agenda dos valores indissociáveis da democracia e da inclusão social. “Não admitimos mais a possibilidade de construir um país forte e rico dissociado de melhorias das condições de vida da nossa população, tampouco acreditamos mais na delegação da condução de nosso crescimento exclusivamente às forças de autorregulação do mercado”, disse a presidente. “Não acreditamos mais que poderíamos nos desenvolver sem nos libertarmos das amarras que nos prendiam a interesses nacionais em outras regiões do mundo”, completou Dilma. O Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia reconhece pesquisadores brasileiros pelo trabalho em prol do avanço da ciência e pela transferência de conhecimento da academia ao setor produtivo. A iniciativa é do Ministério de Ciência e Tecnologia e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Na edição de 2011, o prêmio contemplou a área de ciências humanas, sociais, letras e artes. Maria da Conceição de Almeida Tavares foi professora da presidente Dilma Rousseff. É graduada em matemática e economia e doutora em economia da indústria e da tecnologia. A economista publicou dezenas de artigos em livros e publicações nacionais e estrangeiras, além de publicar e organizar mais de dez livros e capítulos em mais de 20 livros. Um dos seus textos mais importantes é Auge e Declínio do Processo de Substituição de Importações no Brasil – da Substituição de Importações ao Capitalismo Financeiro, publicado em 1972. O processo de desenvolvimento econômico do Brasil sempre foi uma das suas maiores preocupações acadêmicas. Portuguesa de nascimento e naturalizada basileira, Conceição Tavares já foi deputada federal pelo Rio de Janeiro.

Fonte: Agência

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Globo esconde Lula para ajudar Serra - Por Altamiro Borges

A TV Globo decidiu não exibir as inserções do PT no horário partidário obrigatório de rádio e televisão. Segundo alegou, a decisão decorreu do atraso do partido na entrega da propaganda. A desculpa, porém, é esfarrapada. Todas as demais emissoras levaram ao ar as peças publicitárias. Na prática, a sabotagem serve como campanha indireta de José Serra à prefeitura da capital paulista. Como registrou a própria Folha tucana, “a decisão põe em risco a estratégia petista para dar visibilidade ao pré-candidato do partido a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, antes do horário eleitoral gratuito, em agosto”. Na propaganda, Lula aparece abraçado com o postulante petista, o que é encarado como o maior risco pelos apoiadores de José Serra – e, lógico, pela famiglia Marinho. A direção do PT paulista alegou que o atraso no envio ocorreu porque a decisão que assegurou o direito às inserções foi tomada pela Justiça Eleitoral apenas na semana passada. O partido também criticou a postura da da emissora. “Existe o direito de expressar uma mensagem partidária garantido pela Justiça Eleitoral e, por uma formalidade, ele está sendo negado por uma emissora”, afirmou Antonio Donato, dirigente da sigla.

Altamiro Borges: Merval abandona Perillo. Fedeu!

Altamiro Borges: Merval abandona Perillo. Fedeu!: Por Altamiro Borges Em sua coluna no jornal O Globo de ontem (15), Merval Pereira finalmente chegou à conclusão de que não há mais ...

Desenvolvimento e subdesenvolvimento no mundo pós-neoliberal

Desenvolvimento e subdesenvolvimento no mundo pós-neoliberal

terça-feira, 15 de maio de 2012

Altamiro Borges: Veja e o robô que não era robô

Altamiro Borges: Veja e o robô que não era robô: Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador : A revista “Veja”, antes da curiosa parceria com o bicheiro Cachoeira, era conhecida pela criati...

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Dilma: “Eu vou fazer o que tem que ser feito”

Banqueiros. Latifundiários. Militares. Quem mais teria coragem de enfrentar os interesses destas corporações em assuntos considerados intocáveis até outro dia, como queda de juros, reforma do Código Florestal e criação da Comissão da Verdade, verdadeiros tabus históricos? Sem se preocupar com o que os outros vão pensar, a presidente Dilma Rousseff resolveu ir à luta em variadas frentes nas últimas semanas, comprando muitas brigas ao mesmo tempo. Vai ganhar todas? Só o tempo poderá dizer, mas ela não é de fugir da raia. "Com a popularidade que esta mulher tem, até eu...", poderia desdenhar algum representante dos 5% que não gostam do governo dela. Não é bem assim, como ouviu na semana passada o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, ao fazer um comentário sobre a alta aprovação de Dilma nas pesquisas, durante reunião em que ela explicou aos empresários as mudanças nas regras da caderneta de poupança, outro tema delicado que ela resolveu encarar. "Eu vou fazer o que tem que ser feito, sem me preocupar com pesquisas", respondeu-lhe Dilma, resumindo o espírito da presidente que se tornou um lema do seu governo prestes a completar 18 meses. Por que fazer tudo ao mesmo tempo? Cheguei a me preocupar, ao ver as decisões anunciadas, que mexem com os interesses de setores sempre tão temidos pelos governantes. Depois das conversas que tive no Palácio do Planalto no final do mês passado, percebi que a presidente resolveu assumir em suas mãos o comando e a iniciativa política, mesmo em questões econômicas, exatamente como fez o ex-presidente Lula em seu segundo mandato. "Este é um governo monocrático", explicou-me um dos interlocutores frequentes da presidente, quando me queixei a ele da dificuldade para obter informações. Dilma centraliza todas as ações em seu gabinete e não gosta quando seus ministros saem por aí dando declarações, mesmo em off, sobre assuntos que ainda não estão decididos por ela. Como a presidente fala pouco, e só ela quer falar em nome do governo, os jornalistas de Brasília que cobrem o Palácio do Planalto sofrem, assim como os seus colegas de outras cidades. Agora, ao ver o pacote de medidas polêmicas anunciadas nas últimas duas semanas, entendi a razão: Dilma toma suas decisões com cuidado, amadurece sem pressa os seus projetos e procura preparar o terreno antes de anunciá-los, como aconteceu na última semana com a Comissão da Verdade. A lei que criou a comissão foi assinada por Dilma em novembro do ano passado, mas ela fez questão de escolher pessoalmente, um a um, sem ceder a nenhum lobby, os sete nomes que anunciou na quinta-feira. Conheço a maioria deles e posso garantir que o time é da melhor qualidade, tanto do ponto de vista moral como profissional. Na mesma noite, ela convidou os notáveis para um jantar no Palácio da Alvorada, explicou o que espera deles e deixou claro que não quer qualquer "revanchismo" contra os militares. "A Comissão da Verdade é um orgão do Estado e não do governo", resumiu. Este é o estilo Dilma que vai se consolidando: pode demorar para agir, mas quando age procura ter o domínio da situação. Foi assim também com a questão da queda dos juros, que só anunciou depois de longas conversas com os donos dos bancos e economistas da sua confiança. E será desta forma que a presidente vai decidir sobre os vetos ao Código Florestal aprovado pela Câmara. Após o movimento "Veta, Dilma", criado pelos ambientalistas, agora surgiu também o "Não veta, Dilma", patrocinado pelos ruralistas. Dilma acompanha de longe o debate na internet e, com calma, vai amadurecendo a sua decisão, que pode não contentar nenhum dos dois movimentos. Se algum assessor lembrar a ela o descontentamento de um lado ou outro, que militares, banqueiros, parlamentares da base aliada ou vendedores de couve podem não gostar das suas decisões, Dilma costuma reagir com duas palavras: "Problema deles". Os donos da mídia já perceberam isso. http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/2012/05/12/dilma-eu-vou-fazer-o-que-tem-que-ser-feito/

Duas leituras interessantes